Em 40 anos de poder local democrático, a Câmara da Lousã tem sido useira e vezeira na destruição de património: crimes contra a identidade concelhia ou conivência com esse desprezo pela memória coletiva.
Não lembra a ninguém é ser a própria autarquia a descaracterizar património seu e nosso. Desta vez, são os Paços do Concelho, que albergam os titulares eleitos e vários serviços camarários.
Após a degradação do Jardim Municipal, são vilipendiados elementos fundamentais de um edifício que deveria espelhar uma gestão democrática com preocupações estéticas. No rés-do-chão, para já, as imponentes janelas com vidros pequenos foram substituídas por outras, com apenas dois vidros de grandes dimensões.
As janelas de origem são determinantes para uma leitura coerente e global da obra arquitetónica. Nenhuma razão de segurança ou de eficiência energética justifica este atentado. O BE defende a reposição das janelas originais.
Citamos Maria do Rosário Castiço de Campos, professora do ensino superior e investigadora da história local, que a Câmara distinguiu, em 2014: “Como é possível que um imóvel, que deteve a intervenção avalizada de mestre Carlos Reis, tivesse sido completamente adulterado, com a substituição das janelas de origem por outras que põem em causa as características do edifício?”.
A Câmara acaba de anunciar a reabilitação do castelo de Arouce. Concretiza-se uma antiga proposta bloquista. O BE congratula-se, alertando desde já para eventuais novos atentados contra o património.
Ana Filomena Amaral
Membro da Coordenadora Concelhia do BE